quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

como escolher um violino

Madeiras

Madeira classe E: Altamente imprópria para confecção de instrumentos de cordas. Geralmente, Compensado, madeira de construção.
Madeira classe D: Outros tipos que não são Abeto e Atilo. Não são apropriadas para confecção de instrumentos de cordas e arco, por apresentarem baixo desempenho, e por não amadurecerem com o tempo. Geralmente são Pinhos Nacionais, Jacarandá e Cedro Branco. Porém, alguns instrumentos feitos com essa madeira, podem surpreender.
Madeira classe C: Abeto, Átilo. Lisa, sem ou com rajado esporádico, quase imperceptível.
Madeira classe B: Abeto, Átilo. Rajada, porém com baixa acentuação.

Madeira Classe A:
Abeto, Átilo. Rajada viva, altamente perceptível.

Madeira Classe AA:
Abeto, Átilo. Envelhecida, selecionada, rajado vivo, chegando a criar um efeito visual quase psicodélico.

Vernizes

Verniz classe D: Sintético, à base de petróleo e P.U., usado na pintura de automóveis. São utilizados para dar uma “beleza falsa” no instrumento. São brilhantes, deixam o violino com uma falsa beleza, mas seu P.U. cria uma casca tão grossa, que blinda o corpo do instrumento, e impede que as vibrações passem através da madeira, e o resultado é o abafamento do som.
Verniz classe C: Semi-sintético. Ainda é artificial, mas mais suave que a classe D. Não cria uma couraça tão forte, pois não possui o P.U. e sua aplicação é feita sem exagero, em camada mais fina. Não deixa o instrumento com desempenho máximo, mas também não chega a abafar o som de maneira significativa.

Verniz classe B:
Verniz a base de álcool. Possui extratos naturais em sua fórmula, que proporcionam um brilho naturalmente bonito. Não abafa em nada o som do instrumento, pois é mole, e deixa o som “transpirar” naturalmente pela madeira. São de fina aplicação, e opção de algumas fábricas de instrumentos, e alguns luthiers, por possuir secagem rápida.

Verniz classe A:
Impecável. É o melhor verniz para a finalidade. À base de óleo, segue mais ou menos a mesma fórmula do verniz classe B, porém, o álcool é em bem menos quantidade, o suficiente apenas para a diluição da anilina, pigmentação do verniz. É usado uma quantidade maior de Terebentina, o que ajuda a dar um brilho e uma testura naturalmente sublime. Basicamente é o verniz usado pelos luthiers cremoneses da era de ouro, e usado pelos melhores luthiers atualmente.

Acabamento

Interno Classe C: Geralmente as contra-ilhargas (filetes internos que auxiliam na colagem das faixas com os tampos) não são lapidadas corretamente, deixando lascas à mostra, a madeira, no geral, fica suja, com escritas a lápis ou a caneta, ficam expostas manchas de cola, e talco (utilizado geralmente para a absorção de pontos de umidade). Enfim, é deixado internamente rastros da produção.
Interno Classe B: O acabamento já possui um pouco mais de atenção. As contra-ilhargas recebem mais atenção, e manchas de cola, caneta ou talco são raras, mas podem existir.
Interno Classe A: É o toque do luthier. É uma atenção devida e obrigatória num bom instrumento. Afinal, o instrumento de cordas ideal tem que ser belo e perfeito, tanto por dentro como por fora. Na prática, antes de fechar o instrumento, é recebido uma atenção especial, como remoção total de marcas de produção. A madeira vista através dos furos “f”, ou do furo do botão, mostra-se impecável. Limpa e cristalina como por fora, só que sem o verniz.
Externo Classe C: Geralmente deixa rastros de produção, como anotações ou marcas de caneta ou lápis. A lapidação das bordas e da voluta não é acentuada, e podem possuir falhas e imperfeições.

Externo Classe B:
Não há rastros de produção, mas podem ter uma falhinha aqui ou ali, indicando que o serviço não foi feito com atenção individual.
Externo Classe A: Totalmente belo. Esse acabamento busca tirar a imperfeição até de detalhes mínimos e quase imperceptíveis. Alguns violinos de fábrica, de modelos mais caros puxados para série profissional, vêm com esse acabamento. E os violinos de luthier, têm por obrigação virem com esse acabamento.

Instrumentos

Classe D: Raríssimas exceções, mas não difícil de encontrar, misturam tudo o que há de inferior na matéria-prima e maneira de construção E pra finalizar, o Compensado é a madeira para sua construção.
Classe C: É uma média da construção e material de categoria mais simples, com exceções em algumas delas.
Classe B: É uma média da construção e material de categoria intermediária, também com exceções em algumas delas, para pior ou para melhor.
Classe A: São instrumentos exemplares, com média alta da construção e materiais utilizados. As exceções negativas são raras.
Classe AA: Impecáveis e perfeitos. Reúnem dedicação na construção, na seleção dos materiais utilizados, e são feitos para fazerem história.


Ouvir e Entender Música – 8 – Acordes

ACORDES
Há necessidade de, pelo menos, se ouvir falar de: significado de tonalidade e modulação, importância do esqueleto harmônico fundamental para o conjunto da obra; da significação relativa de consonância e dissonância, e, finalmente das estruturas modernas.
Devemos, em princípio, supor que a construção de um acorde deve ter uma certa nota mais grave, nota que dará a tônica, o tom, a referência (uma espécie de nota geratriz) em uma série de intervalos de terças ascendentes. Exemplo: Dó-Mi-Sol-Si-Ré e assim vai, até começar a repetir as notas.
Se em vez de notas usarmos números teremos 1-3-5-7-9 e segue…
Comecemos pela tríade 1-3-5, notas tocadas ao mesmo tempo. Simultaneamente. É o acorde em um formato básico. A maior parte da música ocidental se baseia nessa tríade.
A partir daí teremos: 1-3-5-7 (acorde de sétima, a sétima nota em relação à tônica); 1-3-5-7-9 (acorde de nona), assim por diante. À medida que aumenta o número de notas por acorde corresponde à passagem dos anos e séculos e uma evolução na audição das platéias que se vão acostumando com os novos ambientes sonoros.
Questão puramente cultural. Mas é verdade que as primeiras três notas surgiram da série harmônica pitagórica; fisicamente correspondem ao primeiro grau, ao terceiro e ao quinto.
Mas, voltemos à tríade.
Exemplo: 1-3-5, ou seja, escolhemos Dó-Mi-Sol ( Dó maior). Se você fizer Dó-Mi-Sol-Dó permanece a tríade, apenas incluindo um som a mais, dobrando a nota grave para o agudo. Se tomarmos o Dó central do piano teremos Dó3-Mi3-Sol3-Dó4. Essas dobras dão características tímbricas diferentes; caso usemos instrumentos diferentes para cada uma das notas, por exemplo essa vantagem tímbrica aumenta.
Um piano tocando Dó-Mi-Sol-Dó, é uma coisa.
Um cello no grave, um trompete na terça acima, um clarinete na quinta que chega, e uma flauta no dobradura do Dó, já é outra coisa, em termos de timbre, porém, permanece DÓ Maior.
Além disso, a mesma tríade pode tomar posições diferentes.
Tomemos a tríade Ré-Fá-Lá (Ré menor). Ela pode ser Fá-Lá-Ré (uma inversão) e pode ser Lá-Ré-Fá (nova inversão). Tomando tais inversões com a nota lançada oitava acima de sua posição. Continua Ré menor.
Com isso o compositor ganha opções de distribuição em naipes, de vozes ou de instrumentos. Dará leveza ou peso ao acorde.
Para cada um dos tons (sons), construímos tríades, de acordo com a fórmula 1-3-5. A base do acorde é o fator determinante. Ela dá nome ao Tom. É a Tônica. Tom-Tônica.
Acordes construídos sobre o primeiro grau (Tônica), sobre o quinto grau (Dominante) e sobre o quarto grau (SubDominante) têm uma amarração entre si. Essa nomenclatura é convencional., mas segue o aparecimento de notas a partir da Série Harmônica.
A nota de referência é o fundamento, dá o tom é a TÔNICA, é o I Grau. A próxima nota que aparece é outro I grau uma oitava acima. Depois surge o V Grau que domina o ambiente sonoro, daí DOMINANTE. Esse relacionamento de acordes se dá em função das notas que têm em comum.
Cuidado! O acorde, mesmo em inversões não muda de nome. A tônica permanece a mesma.
É bom dizer que essa construção toda é base completa da música Tonal, da música Acadêmica, da música Clássica. Música que obedece um arco que vai do fim do século 18 até o fim do século 19.
Muitas vezes se começa uma composição estabelecendo a seqüência de acordes que fundamentará a estrutura. O que rolar sobre essa estrutura depende da criatividade do compositor.
A estrutura implícita de uma obra deve ter sua lógica. E seu equilíbrio. Critérios.
Mas, afinal, como é que surgiram as sete notas que repetimos o tempo todo e qualquer criança sabe?
Antes da resposta à essa pergunta peço que ouçam Concerto para Violino e Orquestra em E maior ‘L’Amoroso’ – Vivaldi.
Por Coelho de Moraes baseado na obra de Aaron Copland


domingo, 19 de fevereiro de 2012

violinista brasileiro

O violinista brasileiro Pablo de León, spalla da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, é o único brasileiro que recebeu a honraria de ser, desde 2003, músico convidado a integrar a WOP (World Orchestra for Peace – www.worldorchestraforpeace.com), fundada em 1995 pelo maestro Sir Georg Solti e com a finalidade de reafirmar, nas próprias palavras do fundador, “ a força sem igual da música como embaixadora da paz”.  Formada por spallas e chefes de naipes de orquestras do mundo inteiro – London Symphony, Filarmônicas de Berlim, Viena, Israel, Tonhalle, Buenos Aires, entre muitas outras – os músicos se unem, como limalhas de ferro, atraídas pelo mesmo ímã: a Música.  Após a WOP realizar 3 concertos desde sua fundação, sempre sob a batuta do renomado maestro Valery Gergiev, o único violinista representante brasileiro  foi convidado a integrar o grupo. Apresentou-se na Rússia, São Petersburgo, Alemanha, China, Holanda, Hungria, Bélgica, Israel, Polônia, Suécia, Inglaterra, Áustria, Emirados Árabes… Neste ano, nos dias 19 e 21 de outubro, a WOP apresenta-se no Carnegie Hall (NY) e no Symphony Center (Chicago). Um time de feras. E a platéia se emociona.
Abaixo, um trecho de descontraída conversa com o violinista brasileiro.
Como surgiu o convite?
Charles Kaye, o manager da orquestra, entrou em contato comigo após referências internacionais bastante positivas que fizeram sobre o meu trabalho. Fiquei muito feliz. Devo também à Sabine Lovatelli, entre outras pessoas, meu agradecimento. Mas confesso que não esperava uma surpresa dessas. Lembro-me agora de um ensaio relâmpago em que o quinteto de cordas da WOP, da qual eu fazia parte, registraria a execução de uma obra que serviria de chamada para o concerto da WOP do dia seguinte, no Royal Albert Hall, em Londres. Era nossa primeira leitura em conjunto da obra. Eu dividia a estante de violinos com o spalla da Filarmônica de Viena. Quando acabamos a leitura da obra, nos comunicaram que a gravação já havia sido realizada…Entre espanto e sorrisos, os membros do quinteto percebemos que a gravação, de fato, havia ficado muito boa. E a leitura do ensaio transformou-se na versão definitiva. Essas são, entre outros muitos exemplos, as agradáveis surpresas que a música nos prepara, e ao qual eu me referia anteriormente.
Esta orquestra é formada somente por spallas e chefes de naipe. Você acumula a experiência de ser spalla de diversas orquestras. O que significa, na prática, carregar essa posição?
Responsabilidade. O spalla, além de ter como sua função a necessidade de contribuir artisticamente com o grupo, também é um canal administrativo entre o maestro e a orquestra. Explico-me: uma orquestra guarda diversos paralelos com uma empresa no que se refere à administração de seus desafios internos. Não foram poucas as vezes que, tanto músicos quanto maestros, me procuraram para dividir preocupações ou pontos de vista. Minha função, além de requerer competência técnica, exige competência humana, pessoal. Mas isso ocorre também em outras profissões, não é verdade?
Você poderia explicar melhor o que seria exatamente a competência pessoal ao qual você se refere?
É saber exercer a liderança, mas não através do poder. O poder não forma o líder. Muitas das dificuldades administrativas surgem aqui: quando quem tem poder não tem as qualidades humanas e pessoais para a função. Quando você é respeitado – e aqui reforço que a competência musical e técnica são fundamentais – você consegue conduzir. Ser spalla é um serviço, não um pedestal, e muito menos uma fonte de auto-afirmação. Um spalla deve estar disposto a aprender até mesmo daqueles que tem um cargo inferior ao seu dentro da orquestra. Não nos esqueçamos que, em uma orquestra, todos somos músicos. Todos somos iguais. A orquestra é um grande organismo vivo onde todas as partes do corpo são importantes. E é neste momento que surge a flexibilidade, conseqüência de uma atitude que não pode e nem deve ser egocentrada.
O que mais lhe chamou a atenção na WOP?
O quanto o Brasil poderia crescer culturalmente.  A música erudita no Brasil não tem tradição. É como o futebol no Japão. Há hoje, no Brasil, poucas escolas de música, a educação nas escolas brasileiras não leva em conta esse importante investimento cultural e os músicos não gozam de incentivos. Na WOP, por exemplo, divido lado a lado a cadeira com gente que nunca pagou para ter aulas de seu instrumento. Insisto: nunca. Entre os músicos da WOP há 4 ou 5 Stradivarius sendo utilizados, além de Guarnerius, entre outros instrumentos. Esse investimento, feito por bancos e pessoas de posse, acaba tendo um excelente desdobramento: o de perceber que música não é despesa, de que cultura não é despesa. Quando isso acontece aqui?
Lembro-me agora de alguns solistas internacionais que,  só por virem solar no Brasil, não trazem seu melhor  instrumento. O estrangeiro acabou conhecendo que aqui no Brasil, embora exista hoje um momento de florescer econômico, não se investe em cultura e educação de modo estável, sólido, orgânico. A WOP me mostrou que há muita gente que faz música dentro de um clima de trabalho exigente, sério, mas ao mesmo tempo distendido, repleto de entusiasmo, alegria e paixão. Todas as vezes que toco lá fico emocionado. E  essa é a verdadeira essência da música.
Você pensa em ser maestro?
(Risos). Não exatamente, mas estudar regência acaba sendo uma necessidade.

orquestra porto alegre

Depois das etapas que selecionaram jovens solistas e regentes, Ospa irá revelar, pela primeira vez, jovens talentos da composição.

A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre está realizando a segunda etapa da 17ª edição do Concurso Ospa. Desta vez, serão premiados até três jovens compositores, com até 35 anos de idade, brasileiros ou estrangeiros, residentes no Brasil ou no exterior. As inscrições estarão abertas de 1º a 20 de março. O objetivo do concurso é oportunizar que novos compositores tenham sua obra divulgada e executada pela orquestra.
É a primeira vez que o concurso terá uma categoria destinada a compositores: “Estamos muito contentes por dar a oportunidade para novos compositores estrearem suas obras junto a uma grande orquestra, que é a Ospa. É uma forma de revelar novos talentos, incentivar a música orquestral e, principalmente, estimular o trabalho de jovens compositores”, afirma o diretor artístico da Ospa, maestro Tiago Flores.

Os candidatos poderão se inscrever diretamente na sede administrativa da FOSPA (Av. 24 de Outubro, 850 / 305 – Porto Alegre), ou via sedex.  Deverão ser entregues ou enviados no mesmo envelope três cópias impressas da partitura,  digitalizada em computador, da composição concorrente,  três CDs de áudio, com midi, onde conste título da obra,  minutagem e o ano de composição, a ficha de inscrição totalmente preenchida, onde consta  nome do proponente e título da obra proposta, declaração de liberação de direitos autorais assinada,  declaração  de ciência e concordância com regulamento do concurso, assinada e um breve currículo com foto.
A composição deverá ser inédita, não tendo sido estreada ou publicada até finalização do concurso, ter duração de 7 a 10 minutos e ser escrita para a formação orquestral da Ospa.
Serão duas etapas de seleção: fase eliminatória e final, que ocorre no dia 20 de abril. Os vencedores serão divulgados no site da Ospa.

Sobre o Concurso Ospa para jovens Solistas, Regentes e Compositores
O tradicional Concurso da Ospa é realizado há mais de 20 anos e já revelou inúmeros talentos da música que são conhecidos do público hoje. Alguns exemplos disso são o atual diretor artístico da Ospa, maestro Tiago Flores, que foi vencedor do concurso em 1988 e o regente do Coro Sinfônico da Ospa, maestro Manfredo Schmiedt. Além deles, o pianista Alexandre Dossin e o violinista Carmelo de los Santos – considerados grandes nomes da atualidade – foram premiados no Concurso.
O concurso dá a oportunidade para que jovens músicos se apresentem com uma orquestra – o que é muito difícil no início de carreira. É uma função cultural muito importante, pois releva talentos, abrindo espaço e projetando novos músicos no cenário” – afirma Tiago Flores.
Em 2011, o Concurso recebeu inscrições dos Estados Unidos, Europa e de diversos Estados do Brasil. De todos os inscritos, foram premiados 11 jovens músicos, entre solistas  instrumentistas, solistas vocais e regentes, das cidades Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Ribeirão Preto, Florianópolis, Porto Alegre e Santa Maria.
O regulamento do concurso e a ficha de inscrição estão no site da Ospahttp://www.ospa.org.br/?p=3841

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

a música fala

A música nos diz muitas coisas, aliás, até nas pausas da música ela nos entrega mensagens que são tão poderosas e envolventes que têm a força de nos transportar a lugares e situações que gostaríamos (ou não) de estar ou de reviver. Um recado entregue a nós por meio de uma melodia fica gravado em nossa mente de acordo com o tempo que o autor planejou nos impactar.

O fato da mensagem musical fixar informações em nossas mentes muitas vezes é bom. Isso se pensarmos, por exemplo, em mensagens de uma propaganda de um bom produto que nos trará um bem para nosso dia-a-dia, nosso físico, qualidade de vida, algo que nos educará, nos ensinará a respeitar e amar o próximo, cuidar da saúde mental, cuidar da natureza, cuidar da família, a apaixonar-se... A trilha musical dessa propaganda entrará e nos vestirá como uma luva, feita sob medida. Essa mensagem nos levará a tomar iniciativas e atitudes de crescer, ser bom filho, bom pai, bom cônjuge, bom funcionário, enfim, BOM CIDADÃO.

Mas a mensagem musical também poderá se tornar uma má influência quando ensinar a sermos maus cidadãos, a trair as pessoas, mentir, roubar... Infelizmente a canção pode ser um meio de persuadir o ouvinte, mais do que apenas uma "poesia sem melodia". Isso ocorre porque a melodia e os acordes, incluindo intensidade (sons fortes e fracos), duração, timbres, ritmo envolvendo o modo de dançar tocam a alma como uma espada afiada e convencem o indivíduo à mudança de comportamento. A melodia harmonizada alcança as emoções e na vulnerabilidade das pessoas poderá levar bons comportamentos a se perderem.

Atualmente, muitos líderes, famílias, escolas, religiões e comunidades em geral estão preocupados com a preservação não invasiva da mente das crianças, mantendo-a pura. Enquanto tivermos crianças com mente de criança, crescendo a seu tempo natural, teremos adultos com mentes sadias. Por isso, estamos de mãos dadas, engajados nessa luta contra a pedofilia, exploração sexual do menor e sua comercialização – e lutar contra isso tem me alegrado profundamente! Mas, por outro lado, essa batalha também me deixa um tanto preocupada, pois sabendo do poder da música para convencer, ouço alto som vindo de carros, casas, trens e metrôs, nos pontos de ônibus, no trânsito onde muitos levam crianças para escola... Porque são reproduzidas em alto volume, somos também obrigados a ouvir essas músicas. E as canções têm letras invasivas à mente e ouvido das pessoas, trazendo palavras pejorativas e retratando e pregando o sexo. São canções que denigrem a imagem das mulheres, músicas que vêm envolvidas em gemidos com vozes femininas simulando relações sexuais musicalizadas. Engolimos essas mensagens e nossas preciosas crianças engolem também e nos perguntam o tempo todo o que significa tudo isso. Nossas crianças são estimuladas e convidadas por essas canções, que encaminham a atitude precoce.

A pornografia musical conquistou um grande espaço principalmente no meio dos adolescentes e da juventude. Ela traz um ritmo repetitivo em ostinato, trazendo palavras em bloco seqüencial, condicionando a mente a meditar por muitos minutos aos repetidos convites ao ato retratado pela mensagem.
Trabalho diariamente com crianças a partir de três anos de idade. Elas cantam e dançam essas mensagens deturpadas com muita facilidade e fazem gestos que muitas vezes nem sabem do que se tratam, mas ficam estimuladas a saber a cada dia o que estão cantando.

Ainda que cantemos e escutemos letras internacionais, é importante que, antes de adotá-las, gastemos tempo em traduzi-las para também saber o significado da mensagem trazida por elas. Lembre-se: essas músicas entram em nossas casas e, muitas vezes, podem trazer mensagens totalmente opostas àquilo que somos, vivemos e pensamos.

Minha opção é o lado lindo e maravilhoso da música. Um veículo de comunicação capaz de unir pessoas, raças, credos, diferenças de idade e de nível social, com poder de convencer o indivíduo a reverter atitude ruim em atitude boa, capaz de abraçar a inclusão e fazê-la acontecer. A música é poderosa o suficiente para propagar e trazer resultados de amor ao próximo, de cuidado com a vida. Tenha em mente que todos nós, pessoas e agentes, merecemos estar bem cuidados (e isso começa pelo som que entra em nossos ouvidos!).

Alcidéa Miguel é musicista, regente, professora, artista plástica e conferencista.
Contato: alcidea@uol.com.br

www.comotocarviolino.com 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

violinos antigos

O que faz com que um violino feito por Stradivari ou Guarneri del Gesu tenha um som especial? Pesquisadores já examinaram os conservantes de madeira, o verniz e até mesmo os efeitos causados pela Pequena Idade do Gelo na densidade de madeira para descobrir qualquer coisa que possa explicar as propriedades quase mágicas desses instrumentos.
Claudia Fritz, perita na acústica dos violinos da Universidade de Paris, chegou a uma explicação diferente para o segredo. Apesar de uma crença generalizada na superioridade dos violinos antigos e dos milhões de dólares que um Stradivarius custa hoje, os violinos feitos pelos antigos mestres na verdade não têm um som melhor do que os instrumentos modernos de alta qualidade, de acordo com avaliações que ela e os colegas têm realizado com especialistas de olhos vendados.
"Eu acho que esse segredo só existe na cabeça das pessoas", disse ela.
Já foram realizados vários experimentos em que o público tentou, geralmente sem sucesso, adivinhar se o violinista que está atrás de uma tela está tocando um instrumento novo ou de um antigo mestre. Contudo, Fritz disse que, até onde sabe, ninguém antes tinha conduzido uma pesquisa bem controlada que fizesse a mesma pergunta aos verdadeiros especialistas: os violinistas.
Firmando uma parceria com o fabricante de violinos Joseph Curtin, entre outros, ela abordou violinistas que estavam assistindo uma competição internacional em Indianápolis e fez com que eles comparassem três violinos modernos de alta qualidade com um Guarneri e dois Stradivari.
As pessoas convidadas a avaliar um vinho tendem a acreditar que ele é mais agradável quando se diz a elas que a bebida tem um preço elevado. Para evitar tal efeito, os violinistas tiveram que usar óculos de proteção, a fim de impedir que identificassem os violinos. Em um dos testes, eles foram autorizados a tocar todos os seis violinos e convidados a responder qual dos instrumentos eles mais gostariam de levar para casa. Em um outro, pediu-se que eles comparassem um par de violinos, sem que soubessem que um deles era um clássico e o outro, um instrumento novo.
Apesar de a maioria dos violinistas acreditar que a sonoridade dos violinos Stradivarius e Guarneri é superior, os participantes do teste de Fritz não conseguiram distinguir de forma confiável tais instrumentos dos violinos modernos. Apenas oito dos 21 indivíduos escolheram um violino antigo como o que gostariam de levar para casa. Na comparação entre antigos e novos, um Stradivarius ficou em último lugar e um violino novo foi o preferido.
"Esses resultados representam um desafio impressionante à sabedoria convencional", relataram Fritz e seus colegas na última segunda-feira, no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, publicado na Internet.
As conclusões de Fritz, naturalmente, são música para os ouvidos dos fabricantes de violinos modernos, que têm menos apelo junto aos violinistas.
O estudo é "bastante digno de confiança", disse Sam Zygmuntowicz, um luthier que já fabricou instrumentos para Isaac Stern, Yo-Yo Ma e Emerson String Quartet. Ele "derruba alguns mitos antigos e com certeza deve ser uma boa notícia para os músicos jovens que anseiam por violinos pelos quais nunca conseguirão pagar".
"Não existe uma essência divina" nos violinos antigos; "existe apenas um objeto físico que funciona melhor ou pior dentro de uma variedade de circunstâncias", disse Zygmuntowicz, que já trabalhou com o físico George Bissinger em uma documentação científica de violinos antigos.
Será que isso significa que os luthiers de Cremona não têm nenhum segredo? "Não temos como saber", disse Zygmuntowicz. Cada instrumento é especial, mas é difícil identificar o que os diferencia como classe. "Eu acho que os violinos novos conseguem capturar a maior parte, se não tudo, do que torna os violinos antigos excelentes, e mesmo que eles não consigam, não devemos parar de tentar", disse ele.
O violinista Earl Carlyss, membro de longa data do Quarteto de Cordas Juilliard, tem uma opinião menos respeitosa de estudo de Fritz. "Essa é uma maneira totalmente inadequada de descobrir a qualidade desses instrumentos", disse ele. As audições, observou ele, ocorreram em um quarto de hotel, mas os violinistas sempre precisam avaliar como um instrumento se projeta em uma sala de concertos. O teste, para ele, foi como uma tentativa de comparar um Ford a um Ferrari no estacionamento de um Walmart.
"Os instrumentos modernos são muito fáceis de tocar e soam bem aos ouvidos, mas o que tornava os instrumentos antigos tão bons era a força que alcançavam em um sala de concertos", disse ele.
Carlyss enfatizou a relação muito íntima que os violinistas têm com seus instrumentos _ algo que pode ser difícil de reproduzir nas condições do teste. Uma opinião semelhante foi expressa por Mark Ptashne, biólogo e violinista que toca o Plowden, de Guarneri del Gesu_ os antigos violinos italianos todos têm nomes individuais _ e também já teve um Stradivarius.
"Mesmo os músicos mais experientes que não conviveram com um violino excelente não percebem o que estão ouvindo ou fazendo quando tocam pela primeira vez um instrumento excelente", disse ele. "Segundo, os Stradivarius e del Gesus variam tremendamente em termos de características de som e qualidade, o que faz com que seja difícil chegar a generalizações a partir de alguns casos, de todo modo."
Fritz reconheceu que o seu estudo usou poucos violinos. Mas é muito difícil, observou ela, fazer com que os proprietários emprestem seus instrumentos de milhões de dólares para serem tocados por desconhecidos de olhos vendados.

curso de música em campinas

O Centro Escolar de Música “Manoel José Gomes” (Cemmaneco), ligado à Secretaria Municipal de Educação de Campinas, abriu inscrições na quarta-feira (1º) para cursos gratuitos de música, oferecidos a alunos de 6 a 18 anos. As matrículas vão até 15 de fevereiro.
As aulas são para vários instrumentos, além do ensino de teoria, canto, musicalização e prática, preferencialmente a alunos da rede municipal de ensino. Caso sobrem vagas, serão abertas para os outros estudantes em geral. A prefeitura não informou o número total de vagas disponíveis.

O objetivo é trabalhar e explorar a linguagem musical de forma autônoma e lúdica, para exercitar e incentivar a ação artística, cultural e ética dos alunos.
As inscrições devem ser feitas na sede do Cemmaneco, na Vila Marieta, de segunda a sexta-feira. Os interessados ou responsáveis deverão preencher uma ficha com os dados pessoais, a escola onde está matriculado, o endereço residencial e o instrumento de interesse.
Segundo a coordenadora do Centro de Música, Neiva Toledo, haverá um processo seletivo, com teste prático e teórico na segunda quinzena de fevereiro, com o intuito de apontar qual o nível de ensino em música o aluno possui, caso haja conhecimento. As aulas terão início no dia 1º de março.
Aulas
Os cursos oferecidos no Cemmaneco são: naipe de cordas - violão, violino, viola, violoncelo, baixo, piano; naipe de metal - trompete, trombone, tuba, trompa; naipe de madeiras - flauta transversal, saxofone, clarinete, além de teclado, teoria, coral, harmonia e história da música.
A duração é de quatro anos e o curso é composto por três encontros semanais, além de aulas de coral, teórica e prática do instrumento. Os alunos que estão em níveis avançados participam da Fanfarra Municipal de Campinas e da Orquestra Jovem, que se apresentam em vários eventos e comemorações oficiais da cidade.
Formação
O Centro também oferece formação aos professores da rede municipal de ensino em estudo e linguagem da música. Estes, por sua vez, desenvolvem atividades com os alunos nas escolas de educação infantil e ensino fundamental envolvendo coral, banda rítmica infantil, flauta doce, bandinha, violão, fanfarra, banda de tambor e educação musical.
A inserção da educação musical na disciplina de artes ocorre há anos na rede municipal e foi intensificada em 2008, em cumprimento a lei federal 11769/2008 que prevê o ensino de música na escola.
Parcerias
Desde 2011, o Cemmaneco, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMS) e a Associação de Apoio à Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (Assinfocamp) desenvolvem uma parceria que prevê várias ações, entre elas os Concertos Didáticos, a participação em concertos oficiais da OSMC e em concertos especiais, doação de partituras e convites pela Orquestra, além de projetos especiais.
“Objetivamos com essa parceria democratizar e ampliar com igualdade de oportunidades o acesso à educação musical, no processo de ensino-aprendizagem da linguagem musical e em todas as dimensões que possam favorecer a educação plena do ser humano”, explicou Neiva Toledo.
O Cemmaneco atua também com o programa Mais Educação, que é desenvolvido nas escolas de ensino fundamental da rede municipal oferecendo atividades diversas. Segundo a coordenadora do Centro de Música, os oficineiros que desenvolvem ações ligadas à música nas unidades escolares, passarão por formação para aprimorar os conhecimentos na área.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Seguro-Desemprego para músicos

Aprovado seguro-desemprego para artistas, músicos e técnicos em espetáculo
Projeto de lei da ex-senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que prevê a concessão de seguro-desemprego para artistas, músicos e técnicos em espetáculos de diversão foi aprovado nesta quarta-feira (21) pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS). A matéria foi aprovada de forma terminativa. 
De acordo com a proposta ( PLS 211/10 ), o profissional terá direito a um salário mínimo como seguro-desemprego por um prazo máximo de quatro meses, de forma contínua ou alternada. Para isso, o beneficiário terá de comprovar que trabalhou em atividades da área por, pelo menos, 60 dias nos 12 meses anteriores à data do pedido do benefício e que não está recebendo outro benefício previdenciário de prestação continuada ou auxílio-desemprego. Além disso, é necessário ter efetuado os recolhimentos previdenciários relativos ao período de trabalho, bem como não possuir renda de qualquer natureza. 
O projeto altera a lei que trata do Programa do Seguro- Desemprego, do Abono Salarial e institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)- Lei 7.998 /90 . Ao justificar a apresentação do projeto, Marisa Serrano afirmou que a categoria é uma das menos amparadas pela proteção social em nosso país. 
Em seu parecer, a relatora da matéria na CAS, senadora Ana Amélia (PP-RS), ressaltou que, apesar de representar uma parcela pequena da população (65 mil trabalhadores ou 0,08% da população economicamente ativa), a categoria é sujeita a desemprego permanente, da ordem de 80 a 85%. Além disso, destacou, quando estão trabalhando, esses profissionais envolvem-se em relações informais de emprego, que ainda são de curta duração. 
- As categorias que se pretende proteger, dos músicos, artistas performáticos, incluindo os bailarinos e técnicos em espetáculos de diversão (tais como os cenografistas, figurinistas, iluminadores, etc), constituem um grupo que, a despeito de uma imagem glamurizada, se encontram em situação de grande vulnerabilidade social – observou Ana Amélia. 
FONTE: Agência Senado